O Exasperante

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Fotografia de Rodney Smith


as almas se movimentam ao redor do infinito,
passeiam pelas extremidades do vomito do mundo,
correm para o longínquo das horas distantes
de si mesmo dentro de si mesmo,
o movimento dos passos em febre pelo impossível,
a solidão de uma criança abandonada
é a solidão dos poetas sem a poesia,
os muros do mundo rasgam-se
ao canto universal dos sonhos,
o vasto campo onde nada nasce
é cama para os desabrigados de si mesmos,
alguns passam todos os segundos de sua existência
a espera do cometa que irá levá-los para a eternidade,
algumas memórias são feitas de quartos escuros
com paredes incomunicáveis,
alguns procuram a porta no invisível,
o mundo dança no poema
dos universos de uma criança,
o claro escuro me tem por louco,
quero que o congresso seja absudizo
para o mundo exterior,
quero que os lixos deixados
nas margens perfeitamente verdes
soterrem os rostos da humanidade
e a sufoquem com sua própria ausência de si mesmo,
passeio à noite pela cidade decadente
para passear pela minha própria decadência,
encontro amigos que estão cientes
que não podem salvar o mundo
mas apenas a si mesmos,
volto para casa com toneladas de distancias nas costas,
carros e rostos viram paisagens abstratas
e a noite é uma tempestade
num deserto flutuantemente fincado no mundo,
ainda restam desejo pelo inadmissível,
crianças turvas com rostos turvos
brincando com cigarros
pelos corredores da praça
não podem se tornar irreparáveis,
a ausência de revolução
dos meus colegas de vinho
sangrando o tempo não pode se tornar irremediável,
quero ser o precipício das horas e não o contrario,
pego restos de poema
que ainda existem em mim e fabrico-me,
depois das lagrimas invulneráveis
os instantes me esperam com gigantes guardas chuvas
para me lavar ate meus sonhos abandonados,
sigo esse horizonte como quem segue um poema
em suas profundidades sublimes onde habita cada um de nós.


By João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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