MOMENTÂNEO

0
14:02


Ao som do relâmpago inicio o poema.
Mas antes de inicia-lo bebo as manhãs chuvosas lá fora incompreendias.
Colido com as gotas.
Há frascos-destino rachando.
Planejo palavras que nao saem,
e rabiscos poemas invisíveis sobre o poema visível.
O choque entre as nuvens dos meus pensamentos ensurdece o espírito.
ah viajantes solitários,
viajo em cada gota da chuva que irá se chocar com o solo-abismo.
suicidando-me para melhor sentir os fragmentos do todo
clamo pela eletrecidade do caos.
suspiro nos litorais-asas onde perco o foco.
bebo rimbund como se vinho fosse.
enveneno-me com as páginas mudas
meus dias ocultos a mim e nublados com sol.
clamo pelo próximo relâmpago.
penetrarei no véu das estrelas cadentes
e sentarei na pedra que separou o sonho e o poeta
quem, quem ira conter a ausência?
planto fôlegos e latejamentos.
há um quintal de delírio no quarto vulcânico.
a rua Vinte e um de Abril
são os longos degraus por onde adormeço e acordo vácuo.
quero vômita-la nos anéis de saturno fronteirissos.
quero ser a comunicação entre as nuvens.
leve-me para uma breve eternidade ó anjos
e solte-me desse cansaço de ser.
nao quero mecanismo.
nao quero formulas acabadas.
nao quero olhares de descaso.
nao quero ser possuido pela certeza fria.
nao quero ouvir minha razao kamikaze.
nao quero simplesmente flutuar.
nao quero vagar pelos ceu da boca de Deus.
entao...
ao som do relâmpago inicio o poema.






João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

0 comentários: