OLHOS PETRIFICADOS SOBRE LÁGRIMAS DE SANGUE

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Fotografia de Robert Frank


Toda a dor se mistura ao tempo,
Na atômica inocência de uma palavra,
Boca que morde as estrelas decadentes
Sobre os escombros intermináveis da lágrima.
Oh porto cheio de negras embarcações
Oh mãos sem dedo e amordaçadas.
Toda a coreografia das horas desventuradas,
Túnel de olhares naufragados,
Segundos frios dos verbos,
Correntezas que entopem os porões silenciosos
Numa orgia embaçada perto das encostas.
Toda a tentativa que beija os lábios do abismo nos degraus do silencio.
Nas almas mergulhadas no mar do abandono petrificando o corpo com sede.
Ah os dentes das ruínas
Ah espíritos feito de embriagueis clandestina.
Todos os ratos devorando os poemas escondidos,
Toda a terrível revolta dos lápis,
Todo o incêndio provocado pela noite.
Oh noite que foge freqüentemente...

Tombou a infância cheia de amnésia e espanto
Sucumbiu a distancia numa relva no meio do deserto,
Não se mexe mais os braços do grito,
Há camisa de força no invisível,
Armaduras metafísicas,
Até a sombra fugiu com o espelho,
Há um desespero obstinado,
Acumulo de pássaros debaixo da cama,
Chove mascaras num rio ocultado pelos becos,
Há ferozes poemas escritos pela essência,
Guerra e guerras de suor transcendente,
Todos e ninguém atrás da porta,
Vôo dos lamentos,
Asa no choro emergente,
Leão devorando os cadeados da madrugada,
Touro invadindo os tijolos dos calcanhares,
Numa morte surrealista que penetra nos ninhos,
Numa tristeza cigana que deixa o coração em coma,
Súbitos minutos,
Fatais paredes transformando-se em navalhas,
Câmeras lentas e amargas,
Preto e branco seios e cabelos,
Tudo cinza,
Se arrastando no meio do caminho,

Oh anjo noturno que rasga as ferraduras com poemas
Oh fúria do impossível
Oh verme da procura!

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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