Infinitismo

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A poesia é o gole de vinho tomado pelos deuses do infinito.
Que espalha sua dor-ultragalatica nos seios mundanos do destino.
Esgotado, o mítico viajante sentimental.
Definha nos imensos colos do abismo invisível da memória
Como seres com corações desabrigados pela enchente da loucura do sentir!
Deus nessas horas parece ser a transgressão poética do avesso dos sonhos.
Na travessia intrépida das almas algumas sucumbem afogadas
Pelo fôlego úmido da noite.
Somos crianças acima de tudo;
Que se lambuzam de sensações magníficas.
Na poética do delírio, corrimões nos sobem.
E ruas andam sobre o poeta e não ao contrario,
Pegando estrelas com nossas bocas-verbos e dentes-metaforas
E engolimos universos ate o amago-utero da sua infinita essência,
O delírio é uma ambarcação com asas
Que sai da boca da poesia, como escarrada,
Navega no mar que sai da íris lacrimejante dos anjos
Para nos entorpecer com o ópio divino futurístico
Nas naus da eternidade onde adormeço nos colos das palavras não ditas.

Tens algo a dizer sobre o delírio?

Meus braços são longas escadarias
Por onde sobem a força motiz da transfiguração dos sentidos...
O verso é a tradição mais cósmica do universo.
Cada fagulha da tua consciência intriga-me.
Sou tentado a transar com tua metamorfose irreversível.
Es tu o rio onde não posso me banhar cotidianamente?

Esgotado, o jovem poeta senta-se na cadeira de balanço do absoluto intimo.
A chuva o escolhe para sua momentânea exuberância.
Seus versos estão repletos de cólera-poetica
Dentro de pequenos copos d agua-poças que alguém serve na manhã
Maldoror da gargalhadas debaixo dos seus poemas.
Suas traças ironicamente rimadas
Saboreiam as paginas-delirio e as palavras-cometa.
Debruço-me sobre a chuva-sufoco.

Ela debata-se e orgasmicamente e cada gota ensurdece-me

Tenho horror à não-poesia.
Quebro-me em restos de delírios
Há um doce ocultismo nos passos.

Os deuses da poesia, com seus longos sopros.
Descabelam a inspiração descomunal e desata os nós da inércia.
Sou a parte úmida dos desertos.
Sou as pequenas poças azuis esperando
a fúria dos vulcões selvagens da indiferença-espelho
As mãos esperando ser tocada
nem que seja pela sombra sublime das mãos da musa.
Sou os confusos cabelos da chuva.
Embriagados, os deuses espalham o vinho pelo céu da boca dos poetas.
E ele escorre nas essências num instante apenas visível para o sublime.

O que tens a dizer sobre esse instante?

A poética revele segredos indomáveis,
Como um fugitivo que é consolado por uma voz de abrigo.
Como aleatórios desconhecidos que se conhecem debaixo da chuva
Mas que jamais voltam a se ver.
A ligação telefonica-cometa que nos leva ao desconhecido de nós mesmos.
Como o amigo poeta que se sente incapaz
perante sua própria capacidade incalculável.
Como a mão que estende a mão para a outra e ambos dialogam
Na montanha mágica do silencioso vento.
Como os versos azuis da poetisa que arreganha o útero do infinito
A fim de encontrar a si mesma.
Como a criança que deixa de ser criança para o mundo,
mas não para os universos.

A poética tem algo de sonhos.
Manhã que passei de bicicleta sobre nossos pescoços.
Musica que violina a inevitável sensação da presença fundamental.
No lápis que aos poucos vai embora deixando a eternidade para o poeta.

-porque me dizes que não sentes a felicidade perto?
-meu coração é uma passagem secreta
que apenas os deuses do infinito conhecem
-por que queres me mutilar arrancando meu delírio?
-não sou nada já disse que não sou nada

Oh poetas e amantes de poetas e da poesia...
Não percebem que não passamos de corações que regem o tempo-espaço?
Mesmo que por alguns segundos acreditastes num jardim impossível
Aos olhos, mas não a alma?
Não percebes que o infinito é uma lei da natureza?

O perspicaz viajante quer engolir toda a paisagem quer for possível.
Se for possível quer engolir toda a tempestade
E vomita-la no peito do tempo implacável.
Essa tempestade saída da pulsação do viajante
É um mar revolto que quer emcobri-lo com seu manto impalpável
Mas deixo-o com o sol-palavra enradiando-se na pagina da existencia-verso.
O viajante dos sentidos é uma criança que jamais abandona sua alma essencial.
Os deuses do infinito são pequenos salmos
Que praticamos inconscientemente no cotidiano.

O viajante tenta sobrepor-se ao onírico consciente destino
E quebra-se, nascendo infinitudes que são sarais flutuantes.
E sangra asas pelos seus poros tranausentes
E soluça, soluça mil vezes.
Embriagado de vinho servido amigavelmente pelos deuses do infinito
Como o cão voador das sensações que não findam.
Ele não é mais o feto que chora no fundo
Debruçado em si mesmo
Ele é o mecanismo elevado por foguetes
Levando sua alma para as distancias que desintegram a matemática
Onde lá ela, a alma, sentirá a essencial liberdade.

Oh deuses do infinito
Ouso proclamar todas as almas
Deuses de seus próprios infinitos
Na comunhão primordial dos sentidos
Onde o pungente sublime dissolverá o medo
Em múltiplos múltiplos múltiplos múltiplos múltiplos

INFINITISMOS POETICOS























João Leno Lima
Abril-2009

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