O Subtexto da chuva

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11:29





Nesses dias de chuva,

há algo de extremidade no Fôlego.

Pequenas aglutinações

de estreitos mecanismos-ponte.

O silêncio não é mais só o silêncio,

Ele é um abismo...

Não despenco dessa vez.

Pairo...

Nas paisagens...

Não se pode conter a eternidade.








João Leno Lima
08-05-09

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CAO AZUL SUSPENSO

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11:06



Na manhã azul
Os rostos se afastam uns dos outros
Na contramão de si
Rumo ao abismo obliquo do mundo.
Vespertinamemente desolados
Eles se abraçam à indiferença.
Toneladas de silencio afundam as palavras
Num ralo de desejos dissolvidos.
Como posso alcançar-me se me cega à direção impossível?
Quando serei gelo e fogo para melhor entender
A solidão ocultada nos elementos cotidianos?
Deixo-me envolver novamente com os segundos.
QUANDO SEREI DEVORADO PELA ETERNIDADE?
Na manhã azul íntima
Sou parte incomunicável do cotidiano.








João Leno Lima

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DUAS ALUCINAÇÕES

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09:29
Apenas quero te abraçar com palavras.
Lápis, canetas e sensações.
Um frio artificial almeja congelar os sonhos intocáveis.
Procuro o metodo-asa
Minha técnica de invisibilidade falha,
Não há olhares
Não há olhares
Longas nuvens tempestuosas tocando flauta na manhã.
A musica se dissolve nas engrenagens dos ônibus,
Onde estará escondido o violino da alma?
Guardo as sensações num pote-passagem secretas,
O café materializa-se em um anjo distorcido vulnerável,
Os passos confessam segredos para o chão das ruas.
"Não há violino tu és o próprio violino"
Calo-me...
...
Apenas queria te abraçar com palavras.

















João Leno Lima
06-05-09

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LABIRINTICO

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21:33


Nos espaços íntimos há algo de nuvens.
Longos braços da vertiginosa rua íntima.
Por onde passeia crianças e adultos ocultos
Paredes presas nas poças recém nascidas....
As mãos desdenham-se
Há um longo colo-tunel
Corrimões de chuva
Tua voz lagrima-me
Não em vulnerabilidades descontinuas
Não em gemidos presos na imagem refletida
Poço-abrigo onde descansas a dor
A noite fotografa tudo em preto e branco
E depois rasga a fotografia-alma e a joga no espaço
Teu silencio procura a hora real
Tua angustia corta a própria garganta
O sangue escorre criando rios de segundos
A alma vira neblina
Não te enxergo
Te sinto
Te sinto?
Nuvens...






















João Leno Lima
05-05-09

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A SOMBRA DE UM MAR OCULTO

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12:56


Alguém no fundo chora no desconhecido
Que se revela apenas para a sombra
Caminha estático em passos longos
Longos ventos que arranham a ausência de sentido

Alguém no fundo espatifa-se...
Calcula a volta para casa como uma matemática puída
Já não almeja o alcançável
Sua dor é um labirinto vivo sufocado

Alguém no fundo desaparecendo no fundo
Onde suas mãos só desejavam o abrigo de outras mãos
E seu rosto desmoronado pela chuva
Se dissolve lento, vira poça, afunda, afoga-se, fundo...






De João Leno Lima
Maio/09

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