O ENIGMA DA CHEGADA DO MEIO DIA

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Titulo do Poema Retirado de um titulo do Quadro de Giorgio De Chirico




Se apodera de mim a irreversível herança absoluta.
Com vogais esfaqueando os umbigos dissonantes das
Palavras ocultas num dialogo comigo mesmo.
Disparo para perto,
Sou a construção desconstrutiva das leis da natureza intima
Sou os blocos de gelo queimando os corpos do orgulho
E a bola de fogo atravessando a garganta do medo metafísico.
Trabalhadores navegando nos seus próprios passos
Num trem invisível da memória.
Como posso conte-los?
E declamar meus poemas ocultos até a mim?
E aquela criança com envergadura de nuvem?
Como posso convencê-la
que sou pequenos feixes de luz que falham as vezes?
Às vezes dissonantes versos com cabeça de manhãs
tropeçam rachando o chão ensolarado
E ruindo o horizonte.
Dou voltas e voltas neles
Meus corrimões desaparecem ensolarados pela sombra das horas.
O que são as horas perante a vastidão da eternidade?
"Cala-te"
Diz Rimbund pegando seu café vulcânico
que queima os lábios dos instantes.
Leopardos se acumulam a minha espera na porta do trabalho.
Querem eles me caçar ou me ajudar a caçar a mim mesmo?
Serei eu um leopardo metafísico
que geme tubarões num mar decapitado pela razão?
Desintegro-me pelos trovoes da chegada.
Perco pernas e braço na colisao com a queda intima
E desço longos tubos da inquietação matinal.
Sou mais manhã ou mais noite?
A tarde presa nos túneis do trompete
desafinando a melodia desejada.
Dança os segundos uns com os outros
e desaparecem num limbo inconsciente
Pequenos rostos sobrevoam a calçada carcomida
Mãos atravessam o outro lado de si mesmas se beijando
Pressa insaciável
Deixa-me!
Minha angustia espera na parada de ônibus
Pássaros desviam da minha sombra
Cuspo cometas...
Se apodera de mim a irreversível herança absoluta.











João Leno Lima
05-06-2009

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DIALOGO COM AS NUVENS

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13:35


Se junto os fragmentos dos instantes
Como cacos espalhados num chão entrelaçado com o espírito,
Junto a construção refletida de mim mesmo por algum momento.
Não cabe eu compreender os espaços atemporais do tempo
Nem os longos dentes afiados dos leopardos
Da minha momentânea desesperança em mim mesmo.
Só cabe a mim,
Atravessar as paredes da irremediável
onisciência dos universos completos.
Levo os fragmentos além das portas,
Passo indesejavelmente cinza pelo asfalto
E logo o céu-azul-espelho espalha-me pelos longos corredores do dia.
Sinto-me gigante
Com os cabelos roçando a extremidade das nuvens...
Sentes a atemporalidade?
Sentes a união dos passos formando pequenas estrelas nas calçadas?
Sentes o vácuo deixado pela presença do esquecimento?
Sentes o hálito da noite apos longas caminhadas longe de si mesmo?
Sentes como Deus sopra os tempestuosos navios-nuvens
Como uma criança transbordando o sublime?
E nos traz um quadro de sensações que titilam nos poros do mundo?
Ousou Deus imitar Van Gogh inconscientemente?
Fragmenta-me.
Sou o espaço interior refletido na eternidade.
Meu grito abraça meu silencio
E sobrevoa o poema sem asas
E ambos despencam em minhas mãos flutuantes.
Junto-me...
Volto para casa...











João Leno Lima
04-06-2009

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