O COLO PRIMORDIAL

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11:11





Preciso, preciso de poesia para viver.
versos, inversos, cadáveres de sonhos, destinos inalterados,
tempestades, venham em me ouçam!
preciso, preciso de poesia para viver
venham todos, ludicamente todos.
saídos do lodo das embarcações atracadas nos litorais da solidão,
saídos do moinho abraçado ao pé da estrada,
saído das poças das paradas de ônibus, saídos dos terminais invisíveis dos desejos,
de dentro da boca das mulheres mal amadas e dos homens mal amados,
preciso, preciso de poesia para viver
resgata-me desse naufrágio cíclico, desse alvoroço flamejante que cobre a cidade de alma dissolvida
numa xícara oca que vaza almas esbravejantes,
meu deus, o ritual das mascaras tem seu apogeu quando abrimos um túmulo de sensações
e despejamos sonhos dentro
e pisoteamos com areis do mar-visagem da lágrima todos
encimentando o dia...
preciso, preciso de poesia para viver.
preciso do ato, do primeiro passo apos o abismo,
do trem viajante que leve apenas os sonhadores,
do fênix-verso eternamente possuído de destreza,
eternamente gritando como o poeta que grita o seu silencio,
como a dançarina união de todos,
como o brotar colossal das arvores dos nossos sentidos
engalfinhando como raízes o âmago dos deuses
e escavando as artérias das nuvens e os pulmões do mar...
nem eu , nem eu, nem eu nem ninguém cessa essa insatisfação
tão gigantes quanto todas as crianças ao mesmo tempo,
ah o poeta deixa o mundo de pernas para o ar puxando o seu tapete real
e aremessando num sopro suas obscuridades e montanhas de medo...
sim, também tenho medo...
só peço-te um abraço oh fantasmas todos,
só por um instante solte-me que lentamente depois voltarei a ser oque queres,
lentamente voltarei a ser poeta...
mas agora quero tomar forma de todas as páginas de poemas do mundo
quero ter no sangue todas as tintas e dialogar usando como dialeto o verso,
e num vento saltimbanco estar no colo – como página- de todos – exatamente todos –
para que todos possam ler o meu sentir
naqueles minutos onde a eternidade
tem o nosso próprio tamanho essencial.







João Leno Lima
01-10-09

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TEMPORIZAR

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10:11







Algumas almas são como um trem

seguindo uma trilha certa, coerente...

as vezes por algum momento se desalinha

mas não significa que saiu dos trilhos....

Eu já me sinto como uma ave

seguindo um rumo desconhecido

as vezes e muitas vezes eu vôo bem alto...bem alto...

depois desabo...

desço fundo, quebro uma asa...

depois... retorno

seguindo e sentindo tudo novamente.
























João Leno Lima

30-09-09

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LONGINQUO ESPAÇO ENTRE AS MÃOS

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00:56





Para o poeta sempre falta o infinito
as longas caldas do sentir
envolve o corpo celeste da alma,
entrelaça-se pelo seu pescoço
e sufoca suas dores puídas de pus e rastro
lançando para o céu gritos
capazes de pentear os cabelos da eternidade...
Para o poeta sempre falta o infinito.























João Leno Lima
30 -09-2009

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DESACORDO

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13:53




Não!
nao quero constelações hoje
chega de abraçar estrelas,
chega de desbravar cometas
chega de dialogar com as galáxias
hoje quero o calor da alma
hoje quero o sorriso inigualável da criança
quero hoje o sol frente a frente
e mesmo que meus olhos queimem
quero hoje apalpar o rosto dos que tem rosto
quero nem que seja por hoje
Cumprimentar o visível não sendo eu o invisível que passa...
ah...se pudesse nem poeta queria ser hoje...
Só queria ser simples...
como a poesia das coisas poéticas do dia...
como as constelações e as estrelas da manhã...




















João Leno Lima
29-09-09

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APROXIMAÇÃO

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13:30








Certa tarde me preparando para atravessar a movimentada esquina
do centro da cidade um - menino da rua –
se aproximou olhou no meus olhos, pisou no meu sapato e disse-me:
“Porque tu pisa no meu pé?”
e sumiu como se tivesse voltado ao subsolo da invisivibilidade...
ser poeta é ser alvo da poesia viva,
latejante, dilaceradora, insaciavelmente mundana
inegostávelmente real, tão lucidamente abstrata
quanto qualquer realidade possível.




















João Leno Lima
28-09-2009

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Labirinto

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11:12








Eu sempre entendo...

Às vezes penso...será que deveria mudar

e não entender nada?

Na verdade...

Nao entendo...só sinto.

Ela diz....

-Tenho pensando agora

tenho um monte de coisa pra contar

(tá, não é tanta coisa)

eu disse...

-claro que é...

cada pequena coisa é uma galáxia e uma galáxia é grande coisa

É, eu sempre entendo.

Mas na verdade...

não entendemos

Só sentimos.

























João Leno Lima e Nádia

28-09-09

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