O ESPECTRO TEMPO

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Prendo o tempo nas mãos

e saio procurando a saída.

Nenhum gesto comporta o irreparável.

Todos os fragmentos das memórias anteriores ao futuro arrastam-se

como um trem cansado que geme a margem do precipício.

Já vejo o túnel...

Praparo-me para prender a respiração no fundo dos olhos, último lugar invulnerável...

Não ouço mais ruídos nem as cólicas de angustias me atraem,

Rendo-me ao esparso vácuo elementar.

Período curto,

Onde as surpresas revelam-se caixas vazias com laços eleatorios.



Nenhum destino trilhado passa por minhas asas.

Não há duvidas que fiz o tempo refém

mas as lágrimas nos ensoparam com delicadas palavras de socorro...

Mergulhamos na anti-materia da ausência,

peixes em forma de versos antigos, fazendo lembrar de anti- ânsias pelo concreto,

Cintilantes pedaços de sorrisos rimam com tristezas formando duetos

atrofiados cabelos dos versos...

No fundo somos

as caldas da melodias que flutua em orbitas lunares

onde descansamos em desespero.



Já não vejo o tempo.

O lençol delirante da borda do pesadelo,

tremula como uma bandeira dissonante

em acordos de boca com meu espírito inconsciente,

a dormência leve e gelada passeando pelos vulcões da tristeza

que resolvem jogar para fora a fúria que reside na tez das galáxias.

Aceito ser levado e miro alguma estrela

aceito o mar de cabeça para baixo

já que sou as chuvas escuras das tardes paradas.



Deus pergunta
-onde ele está?
Respondo...
-deitando nos seus calcanhares para não incomodar
com meu drama findo e obliquo
-eis aqui o poeta – esbraveja!
-Não sou mais eu nem ninguém.
Desde mim até a mais minusculamente partícula existente te procurava...

O tempo larga minha mão e segue...

o temporal cinza das vagas horas petrificadas toca como se sino fosse

Meu coração, fabricado num crepúsculo irradiante

e incerto levanta-se...

Para voltar a ser a pulsação renascida de si mesmo.



11-01-10

João Leno Lima


Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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