(des) valorização

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Por: João Leno Lima

Toda a obra de arte têm por tras dela um artista e todo esse artista recebe ao ser chamado sua obra de uma “obra de arte”um voto de confiança. Uma espécie de acordo de sentidos onde você passa a acompanhar direta ou indiretamente esse artista ou simplesmente apenas aprecia sua obra (única ou diversa).

Então a arte também é acreditar.

Se não no artista mas pelo menos no trabalho em si. Mas será que se eu não acreditar ou não “ver” como verdadeira a postura de algum artista ou simplesmente não concordar que tal pessoa seja um “artista” será que vou, mesmo assim olhar para seu trabalho e dizer “é uma obra de arte” ?.

Numa cidade onde a abudância de pessoas ligadas à arte é visível e até empolgante. Onde músicos, grafiteiros, poetas e artistas de rua diversos saltam aos olhos em todas as direções, um grande dilema ainda precisa ser superado, isso não apenas relacionado ao aspecto artististo mas sim cultural também…

A valorização do artista local.

E não falo no âmbito clássico como de um artista ir para fora do estado, lá ser “reconhecido” pela grande mídia e voltar para casa celebrado como um ídolo. Falo em relação a valorização das próprias pessoas envolvidas com arte/cultura que não valorizam ou na pior das hipoteses nao ACREDITAM No seu companheiro como artista.

Se a desconfiança mútua parece permear as relações dos movimentos em Marituba, ela passa a ser fundamental para a desorganização e o soterramento de idéias que por ventura podem vim a surgir. Se o olhar desconfiado e a falta de apoio permanece atralado ao sorriso amarelo do eufemista elogio, ela descamba para uma relação onde o artista precisa, ou fazer uma arte populista e que dialogue sem qualquer exposição de pensamentos libertários e apoiada no reciclamento de idéias e na aceitação essencial para sua permanencia como “artista” ou ele faz “arte” para si mesmo e mesmo a mal gosto apenas para buscar ACEITAÇÃO DO OUTRO ARTISTA.

Com a desvalorização e consequentemente o desgaste da exposiçao entre as próprias tribos (isso passa pela ignorância, intolerância, desprezo, inércia, ego, orgulho, inveja, e a imaturidade para lidar com as diferenças naturalmente existentes) o artista da cidade arrasta-se pelas vielas de ações fechadas, festanças informais ao ar livre, não há espaço para a canção libertária, para o poema embreagado, para o grafitte enlouquecido, para o aplauso não do artista mas do fato de pensar e sentir o mundo. Em outras palavras, se os artistas da cidade paracem apenas se tolerando entre si, esquizofrenicamente tão pouco parecem interessados no público.

Será o mundo?

O mundo, sua forma doente dos tempos atuais afeta o tupiniquim movimento pela espaço onde o que será exposto é o que vem de fora como a “melhor” forma de fazer as coisas? Será o artista refén dos clichês da arte como forma de buscar a valorização? Ou ainda, No final das contas, será que apenas o que é feito lá longe, por um ser desconhecido de outro planeta é melhor que qualquer poema feito nas pernas de algum poeta que resolveu expor sua eternidade em algum canto da cidade suja.

A arte em Maritruba, mesmo vasta, ainda precisa daquelas que acreditem nela e em quem a faz. Até então, a ridicularização, a postura diminuista, as falas fora de hora na leitura de um poema, a investigação em busca da “verdade” absoluta, como se expor uma obra de arte fosse como colocar o pescoço na guilhotina e a condenação fosse tentar ser artista. Como se esse fosse uma entidade absoluta que só pode ser vista nos filmes ou na televisão.

O Acreditar passa por vários estágios. O acreditar cego remete a ingenuidade ilusoria mas o acreditar como parte essencial da sensibilidade é fundamental se se pretende sair do lugar algum dia e ser parte de um precesso de integração com o público e braço fundamental no resgarte do artista e o mundo dentro de sua realidade. No final das contas, busca-se mais “aceitação” do que  libertação. E nesse sentido, essa “recipocra” aceitação ainda parece um longa caminhada para os artistas da cidade.

E o público aguarda (inconscientemente) ansioso pelo diálogo, dispostos (ele sim) a ACREDITAR.

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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