Andrei Rublev

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No âmago do orgulho desato os nós da verdade.
ninguém me é capaz de traduzir o que sinto?
não sou capaz de traduzir o que sentes...
Mas evito confrontar as densas perturbações da manhã.

No âmago do medo resisto às enfermidades do pensamento.
Como um discípulo dos mais vulneráveis poetas.

No vidrico deslize do olha para baixo de si mesmo
como as gotas que despecam nas janelas da consciência.

No âmago das incertezas subo as longas
escadas sem olhar para baixo...

Causa febre de ânsia pelo visível gesto
Num tocar de olhos...
Aquele que alvoroça as sensações que correm
como cavalos sem rumo pelas estradas dos espaços interiores.

A poesia será esquecida
O Poeta será esquecido
e o que restará é a sombra do esquecimento
trazendo instante de eternidade sobre os olhos , ouvidos e bocas...

No âmago de cada pensar brota uma melodia que imita os passos
o toque nas mãos...
o sentar e levantar no café da manhã...
a ida e a volta..
Como um verso que escreve a si próprio

Madura é a certeza que o tempo é presente
Vazia a recompensa que cobra o passado
Quando guardamos versos para um próximo poema....é futuro.

No âmago dos sentimentos - mesmo os mais avessos a si mesmo –
Permanece sempre a realidade do sentimento
não o que ele foi
Não o que ele poderia ser
Mas o que ele é nesse instante.



João Leno Lima
19-02-20

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